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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

No limiar da Fé



Gosto de orar
na ideia de que adormeço
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
e viajo Cosmos além
livre de todo o mal


A sonhar que a mão de Deus me afaga
me faz Revelações
como fazia minha mãe
quando  menino
me aconchegava no seu seio


Ciciando-me doces melodias
de amor e de encanto
como se eu fora um santo
um deus pequenino


Eram ecos
e reflexos
do Criador


O meu pensamento voava
por dentro do sonho
para fora do sono
e o meu espírito vogava pelo Universo
iluminado pela  luz
do seu coração


Tento agora
 ouvir de novo os mesmos ecos
ver os mesmos  reflexos
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
na ideia que é o regaço de minha mãe


Não encontrei até hoje
melhor forma de me interrogar
outro verso e anverso
 das agruras da vida olhar
sem me sentir vazio
naufrago do nada
sem me angustiar


Era Deus
que descia do Céu
para me falar de Si
com suavidade
mesmo ali
no limiar da Eternidade


Era eu
que a dormir
despertava por dentro
mergulhava no mais profundo de mim
descobria o meu caminho
e me transformava
em profeta daquele espaço
naquele tempo


Para lá do umbral do pequeno templo da minha aldeia
pregada na parede mais umbria
 ergue-se porém uma Cruz
lustrada pela luz trémula  de uma candeia
que ilumina de divino
o destino sonhado
no regaço de minha mãe


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A luz do amor



Há uma luz que vem de Deus
que tem origem fora do Universo

Uma luz que não é desviada
pelos corpos pesados em movimento
e a que se não aplica a Teoria da Relatividade
porque é absoluta verdade

Luz que não é atraída pelas galáxias
que distorcem a luz das estrelas
dando-nos uma imagem ilusória do Cosmos
como se projectada nas águas
ondulantes
de um lago

Entra por nós a dentro
reflecte-se na nossa alma
acalma os corações famintos
ilumina a escuridão da cega paixão
causadora da dor
adoça os instintos
e levanta o vento da amizade

Essa Luz

É a Luz do Amor!




quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A pensar que penso só porque penso que penso








Por vezes fico parado
a pensar

A pensar que penso
só por pensar que penso

Alheado por fora
fascinado por dentro

Sem me aperceber
sequer
do vento
que por dentro
me perpassa
vazio de sentimento
nem quente
nem frio

A olhar o vazio
sem graça
sem me deixar adormecer
a pensar que penso
só porque penso que penso

Fora de mim nada me diz
dentro de mim nada me digo
o coração nada sente
sem penas nem dilemas em minha mente

Entremente
rumino apenas poesia
regurgito poemas
somente

 A pensar que penso
simplesmente
só porque penso que penso




domingo, 17 de dezembro de 2017

Presépio…


   
   

Projecto épico do Menino Jesus
nascido de Deus envolto em luz
no ventre da Virgem Mãe
advento de um novo tempo
marco indelével da História

Chama de amor e de paz
brilha na escuridão da guerra
que oprime toda a Terra
e traz a Humanidade refém
no engano da fugaz fama

É Cristo que para nossa salvação
triunfa em cada Natal
sobre a dor e o sobre mal
e nos redime em cada ano
rumo à celestial vitória

   Henrique Pedro

B O A S  F E S T A S


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Nem sei se ainda por cá ando ou se já me fui embora







Esta melencolia que me assola
em dias de chuva aborridos
ou quando o sol poente
me deixa lânguido da saudade
de quem anda ausente
estando embora presente
é uma tristeza deliquescente
mais própria dos vencidos

Abandono-me à nostalgia emergente
e paro de me angustiar
viro as costas às perguntas do costume
que sei
de antemão
não terem respostas

É quando uma morrinha miudinha
me toma os sentidos
a ponto de não me sentir nada
nem ninguém
nem magma
nem matéria
em nada materializado 
em nenhum estado de espírito realizado
ocaso ou aurora

Fico sem saber se ainda por cá ando
ou se já me fui embora
se a poesia é coisa séria
ou não passa de uma pilhéria

Até que o ensejo de um bocejo
me faz despertar dessa sonolência demente
e retomar a vida corrente



terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O amor em redondilha maior e em decassílabo




(Heptassílabo ou redondilha maior)

É-nos dado, sim, saber
E sentir que o amor
É o oposto da dor
Vital no nosso viver

Seria bom, não sofrer
Sentir só d` amor calor
Sem haver dor ao redor
Viver só puro prazer

Não sabermos bem amar
Nem sabermos bem-fazer
É o amor aviltar

No sentir do sentimento
Ninguém se pode enganar
É puro conhecimento


(Decassílabo)

A todos nós nos é dado saber
E sentir aquilo que é amor
Porque é o contrário da dor
E parte vital do nosso viver

Melhor seria, sim, ninguém sofrer
Sempre sentir, do amor, o calor
Sem que houvera dor ao seu redor
Viver apenas de puro prazer

Muito poucos, porém, sabem amar
E só porque não sabem bem-fazer
Acabam por o amor aviltar

Sofrer na pele e ter sentimento
É, sem ninguém se poder enganar
A melhor fonte de conhecimento